14 setembro 2012

as amostras de tricot - como bloquear uma amostra - 3

Para que as peças de tricot se ajustem ao modelo e ao corpo que as vai usar, fazer as amostras é absolutamente necessário. Já vimos que se devem fazer amostras dos vários pontos que vamos utilizar e também já aqui falei como escolher a agulha quando se seguem estritamente as indicações de um modelo.
Para além disso a amostra deve ser tratada da mesma forma que a peça final, ou seja também deve ser bloqueada, para que a determinação das malhas e voltas seja o mais precisa possível. 
Para bloquear uma amostra começamos por mergulhá-la num recipiente com água tépida.
A amostra deve permanecer aí cerca de trinta minutos, para garantir que todas as fibras ficam hidratadas, mas sem agitação, para não feltrar.
Retira-se e aperta-se ligeiramente apenas para retirar o excesso de água. Não se deve torcer.
Coloca-se sobre uma toalha bastante absorvente, ajusta-se mais ou menos à sua forma, e enrola-se como uma torta. Aperta-se o rolo com suavidade.
Coloca-se sobre uma outra toalha turca que por sua vez está sobre uma superfície onde se possam espetar alfinetes. No meu caso uso placas de esferovite.
Alinha-se um dos lados, de forma que essa ourela fique perfeitamente recta (poderá haver situações em pontos ajourados em que isso não possa ser assim). A malha não deve ficar esticada nem com pregas. Colocam-se alfinetes ao longo da ourela, a espaços regulares. Mede-se o comprimento desta ourela.
Faz-se o mesmo na outra ourela tendo o cuidado de a posicionar com o mesmo comprimento da anterior.
Faz-se o mesmo com o topo e a base da amostra.
No final devemos obter um formato rectangular com os lados iguais dois a dois.
Deixa-se secar pelo menos 24h e só depois se retiram os alfinetes. O tempo de secagem depende da espessura do fio e das condições climtéricas. Por isso podem ser necessárias mais do que 24h.
A amostra está agora pronta a ser usada nos cálculos da peça.

06 setembro 2012

Alinhavos

Alinhavar caiu em desuso. Hoje a costura faz-se a partir de videos do You Tube, a maioria com origem nos Estados Unidos onde tudo se quer rápido, prático e funcional. E lá não se perde tempo com essas minúcias!
Eu também não alinhavo tudo. Aliás só alinhavo quando é necessário e algumas vezes é necessário.
Quem começou a aprender comigo o patchwork, onde praticamente eu só uso alfinetes estranha que eu alinhave quando costuro.
Hoje em dia, em que cada vez mais pessoas se interessam por fazer a sua própria roupa, será bom que pratiquem algumas técnicas simples que podem fazer toda a diferença no acabamento da peça. Colocar um fecho à mão (ou à máquina) num vestido é uma dos exemplos em que alinhavar previamente é, para mim, obrigatório. Não leva mais que alguns minutos e melhora significativamente o resultado.
Há sempre muito que dizer sobre estas coisas e ainda falarei aqui sobre este assunto. Mas o próximo post vai ser novamente dedicado às amostras de tricot.

04 setembro 2012

Saco de noiva

Eu sempre lhe chamei talegos, por força do hábito, no Algarve também são bolsas e este é um saco de noiva. Nunca, como este, tiveram um uso tão simbólico.
Este saco muito pequeno (cerca de 12cmx20m) foi oferecido há quatro décadas a uma noiva por uma senhora da Nazaré. Lá dentro um bocadinho de tudo o que lhe deveria dar conforto e abundância: uma garrafinha de azeite, um saquinho com um punhadinho de sal, um pedacinho de pão e um cavaquinho de carvão. Que tradição tão bonita!

29 agosto 2012

O meu organizador de agulhas de tricot

Chamei-lhe pomposamente o meu organizador porque, apesar de muitos se terem feito na aulas de costura, nunca tinha feito um para mim.  
A ideia veio-me depois de encontrar uma peça inacabada de jaqcquard que me deu pena não aproveitar. 
Quando o iniciei este projecto, mostrei aqui um bocadinho mas ninguém conseguiu adivinhar do que se tratava. E agora cá está ele, mesmo a tempo de entrar em acção para os primiros tricots a temporada.




28 agosto 2012

Numa casa portuguesa

Nas casas portuguesas havia naperons. Na cozinha, nos quartos e na casa de fora. Cobriam, móveis e electrodomésticos. Faziam parte do quotidiano, usá-los e fazê-los. Os modelos passavam de vizinha em vizinha e era ao serão que as agulhas de crochet começavam o seu trabalho. Aos domingos à tarde também se ia para a janela fazer mais uma voltinha enquanto dava um lamiré lá para fora. 
Entraram em desuso e foram banidos ou guardados mas continua a haver quem os estime. 
 Para mim são as eternas fontes de inspiração para crochet.
Hoje há receitas para tudo e tudo se faz by the book. No passado, olhar, perceber e tirar a amostra fazia parte do currículo de todas as crocheteiras.
 Muito obrigada Ana por partilhar comigo estes seus tesouros.

27 agosto 2012

As amostras de tricot - 2

Que agulhas escolher para fazer a amostra?

Podemos considerar duas situações: queremos seguir exatamente um projecto ou queremos realizar um projecto nosso. Hoje vamos considerar a primeira situação, temos um modelo e queremos segui-lo à risca. 
Nos modelos existe sempre a referência ao tipo de fio que é utilizado e o número de metros por 100g (ou por 50 g).

Ex: 100% Wool, 190 meter / 210 yds per 100g.

Neste exemplo indicam-nos que o fio a usar deverá ter cerca de 190m por 100g. Então devemos começar por escolher um fio que seja parecido neste aspecto, ao fio recomendado.
Nas meadas ou novelos o rótulo dá esta indicação. Na fotografia podem ver que um novelo de 50 g tem cerca de 95 m. 2 novelos deste fio (100g) têm por isso 190m, exatamente o que o modelo indica. Partindo então de um fio semelhante vamos fazer a amostra com a agulha que recomendam no modelo. Neste caso usei o diâmetro 4,5 mm.

No modelo indicam também quais os valores da amostra, em geral um número de malhas e de voltas correspondentes a um quadrado de 10cm de lado.

Ex:18 sts/26 rows = 4”/10cm in stockinette stitch. 

Ou seja 18 malhas e 26 voltas em malha lisa deverão formar um quadrado de 10cm de lado. No entanto, para fazermos a amostra devemos montar um número de malhas superior a este valor e fazer também um número superior de voltas.
A medida é sempre tirada no centro da amostra pois as malhas da ourela enrolam um pouco e tornam dificil fazer uma medição precisa do número de malhas.
Na foto acima podemos ver que em 10 cm cabem exatamente as 18 malhas que o modelo indica. Mas nem sempre isto acontece.

Imaginem que nos 10 cm cabia um número superior de malhas, 20 por exemplo. Então teriamos de aumentar o número da agulha porque a malha estaria a ficar "apertada" (usar agulha de 5,0mm por exemplo).

Se tivessemos menos malhas nos 10 cm, 16 malhas por exemplo, a malha estaria "larga" e teriamos de diminuir o número da agulha (usar agulha de 4,0mm por exemplo).

Resumindo:

  • Usar o tipo de fio recomendado no modelo
  • Fazer a amostra com a agulha recomendada no modelo
  • Se a amostra tiver mais malhas que o modelo indica, aumentar o diâmetro da agulha
  • Se a amostra tiver menos malhas que o modelo indica, diminuir o diâmetro da agulha



Para quem tem prática de tricot estas informações serão triviais mas para quem está a começar podem ser mais confusas. Caso tenham dúvidas em relação a estes conteúdos façam um comentário. No fim da série tentarei compilar as vossas dúvidas e fazer um post com as respostas.

26 agosto 2012

As amostras de tricot - 1

Resolvi escrever esta série de posts depois de constatar, ao longo de muitos workshops e encontros de tricot, como a maioria das pessoas é avessa a fazê-las. Como para mim são muito importantes vou explicar, ao longo desta série, como se fazem, como se usam, que utilizações podem ter. Espero que estas informações vos sejam úteis e que no fim eu tenha conquistado mais algumas para o grupo "das que fazem sempre a amostra".

Para que serve a amostra
A função mais imediata da amostra é permitir fazer o cálculo do número de malhas e de voltas necessárias ao nosso projecto. Mas pode ter outras mais valias de que falaremos num outro post.

Que amostras fazer
Quando um projecto de tricot tem mais do que um tipo de ponto, será necessário fazer as amostras necessárias aos vários pontos utilizados. Muitas vezes fazemos só a amostra em malha lisa mas isso pode prejudicar o cálculo. Como se pode ver nas fotos, duas amostras com um número semelhante de malhas, têm uma largura completamente diferente.

Amanhã daremos continuidade a este tema e vamos falar das agulhas a utilizar.

15 junho 2012

scale up

Passar do enorme ao minucioso ou vice versa são formas de explorar novas possibilidades. A mesma técnica feita numa nova escala, reveste-se de criatividade e pode ter efeitos inesperados. Podem usar-se outros materiais e podemos encontrar novas aplicações que antes não nos ocorreriam. 
As frioleiras, habitualmente feitas em linha mercerizada muito fina (abaixo de 20), apresentam um aspecto delicado, monocromático e são quase sempre usadas em rendinhas de ponta, entremeios de toalhas em peças de linho, pouco práticas no dia a dia.
Alterar a escala das frioleiras tem uma limitação técnica uma vez que a navete comporta uma quantidade limitada de linha e não permite dispensar com fluidez linhas mais espessas. Foi por isso que andei às voltas com linhas, navetes e agulhas até conseguir fazer frioleiras noutra escala. Gostei de usar a cor, do efeito e os meus olhos agradeceram esta atitude Gulliveriana.
As hortênsias, uma das minhas flores preferidas, vieram do jardim da Lídia, e completam da melhor forma as cores deste post.

10 junho 2012

sempre a cor


Sempre pensei que, para muitas pessoas, a escolha das cores é um dos factores que mais dificultam o início de um quilt. A carta de cores pode ser um precioso auxiliar nessa escolha.
Mostra-nos de uma forma sistemática a multiplicidade de cores e como elas se formam. Para mim isso é muito libertador porque me permite olhar para estas cores de uma forma isolada, pura, sem outros constrangimentos, sem a influência da internet e do que "está na moda". Sou eu e a(s) cor(es) e escolho-as de uma forma muito mais liberta.
Uma outra possibilidade que utilizo com frequência é a identificação das cores de uma estampagem.
Há cores dominantes e outras mais subtis dentro de muitos padrões. Identificá-las permite a escolha mais fácil de outros tecidos que coordenem.
Utilizo a carta de cores para muitas outras situações e falarei disso numa outra altura.

PS:O quilt dos posts anteriores foi feito com um propósito e está pronto, mas só o poderei mostrar dentro de algum tempo.

30 maio 2012

O Verão e o crochet


Para mim, se há craft com época, é sem dúvida o crochet. Gosto mais de o fazer no Verão, gosto de o fazer em fio de algodão e, de preferência, gosto de o fazer para vestir.
Este livro da Kristin Omdahl é a prova como o crochet pode ser absolutamente inovador e fascinante.

28 maio 2012

um quilt aos quadradinhos

 Um quilt pode ser tão simples como juntar alguns quadradinhos.
 Neste caso foram, até agora, 450 unidades pequeninas.
Nesta primeira fase tem como acompanhamentos necessários:

  • a fita métrica
  • o papel e o lápis
  • a máquina de calcular (a básica, mesmo básica, serve na perfeição)
  • as primeiras cerejas da época (para mim pelo menos)
Tenho tido pouco tempo para actualizar o blog mas as notícias da loja e das aulas podem-nas seguir no facebook da Dotquilts, basta clicarem no link respectivo, aqui no menu à direita.

02 abril 2012

Linho & algodão

 O linho e o algodão são fibras naturais com personalidades diferentes e por isso casam tão bem.
Um charm pack, um desenho de quadrados 6x7 e um rebordo em linho, a receita simples para evidenciar a beleza de ambas.

31 março 2012

passado e presente

O tempo é nosso companheiro mas é também um enigma. O que é presente já não é porque é logo passado. O passado pode ser presente quando se encontra e revive, hoje.
Os registos, no pano ou no papel, tornam o tempo intemporal.



O meu obrigada à Isabel E. por me permitir fotografar estes achados, uma verdadeira jóia de família.