The February TIF made me look back into my childhood. How much different the world was on that time? I fixed the late sixties and listed some of the things I found quite different from nowadays:
- I used a fountain pen when I was on primary school
- My grandfather lived in a country village and he had no tap water or electric power at home
- Milk was delivered at my door step in glass bottles
- There were “varinas” in Lisbon, selling fish door to door
- There were no supermarkets in Portugal, only small shops
- On church, women used a veil and long sleeves even on summer
- I could play on the street without fear
- My mother could not vote
Now the challenge: what am I going to make this time. I looked to the list and realized that the item number two is of the most importance. To have or not tap water and electric power at home determine dramatically a person’s life. My mother grew up with none of those benefits and she made her bridal linens after work, through the evenings, by candlelight.
Some years ago she gave me this humble lace, made on that time with basting thread and I have kept it to be used one day, on that special project.
The lace has a yellowish color and I intend to wash it before I use it. I will try a gentle washing and I hope the lace resists after all these years.
By the way, the picture was taken in 1968 at my primary school Voz do Operário da Ajuda. I am the second one on the left.
O desafio de Fevereiro do TIF fez-me voltar a muito tempo atrás e o mundo está muito mudado em relação a esse tempo. Fixei-me no final dos anos sessenta e enumerei algumas das coisas daquele tempo, que já não fazem parte do nosso dia a dia.
- Tinha de usar caneta de tinta permanente na primária
- O meu avô materno vivia numa vila onde não havia água canalizada nem corrente eléctrica
- O leite era distribuido em garrafas de vidro, porta a porta
- Havia varinas em Lisboa, a vender peixe pelas ruas
- Não havia supermercados, só comércio de bairro. Para comprar um casaco iamos à Baixa
- Na igreja as mulheres usavam véu e mangas compridas, mesmo no Verão
- Podia brincar na rua sem perigo (e acreditem que o fazia)
- A minha mãe ainda não podia votar
Indo ao que interessa: o que vou eu fazer desta vez.
Olhei para a lista e apercebi-me que não ter água ou luz é um dos aspectos mais importantes dos que referi. É uma situação que muda radicalmente a forma como se vive. A minha mãe cresceu sem nenhuma destas infraestruturas e fez o seu enxoval à noite, à luz do candieiro a petróleo. Há alguns anos deu-me esta renda, feita nessa altura com linha de alinhavar, que eu guardei à espera de a aplicar de uma forma especial. Parece que chegou a altura. A renda amareleceu, é frágil, mas pretendo lavá-la antes de a aplicar e espero que resista após todos estes anos.
Já agora, a fotografia foi tirada em 1968 na minha escola primária, Voz do Operário da Ajuda, e eu sou a segunda a contar da esquerda.